26/04/2010

Mais Teatro!



Navegando entre as notícias sobre cultura, descobri um manifesto a favor da expansão do teatro brasileiro, tornando a cultura mais acessível entre a população. Achei a iniciativa bastante válida e divulgo por aqui, colaborem, conheça melhor o projeto no site e cadastrem-se a favor dessa iniciativa! 








Missão:
A Campanha é um grande manifesto nacional que tem como missão fundamental a inclusão sociocultural, educacional e digital, incentivando e disseminando arte, cultura e entretenimento de Norte a Sul do Brasil, tendo como base fundamental o Teatro!
Objetivo da Campanha:
Colher o maior número de assinaturas possível para dar entrada, junto ao Congresso Nacional, num Projeto de Lei de Iniciativa Popular, para que seja obrigatória a construção de um "Centro Integrado de Cultura" em cada município, cuja população seja superior a 25 mil habitantes.

A ideia central é permitir que populações inteiras, que nunca tiveram contato com espetáculos de qualidade, ou mesmo espaços destinados à arte e à cultura – em sua imensa maioria restritas ao eixo Rio - São Paulo –, passem a ter acesso as mais diversas formas de expressão artístico-culturais, fomentando e desenvolvendo entre estas populações, um hábito tão fundamental para a formação do caráter de um povo, como é a cultura!
O que é um "Centro Integrado de Cultura"?
É um espaço multicultural e funcional que, além de um teatro de qualidade – que é o núcleo fundamental do Projeto –, privilegia também as mais diversas formas de manifestações artístico-culturais, como: salas de cinema, biblioteca, salas de exposições, salas para eventos e palestras, espaços para cursos e oficinas de teatro, artesanato, artes plásticas, pintura, música, dança, entre outras formas de expressões artísticas.

Esses Centros contarão também com um espaço multimídia - telecentro com computadores conectados à internet, para fomentar a inclusão digital nesses municípios e, ainda, espaços destinados ao comércio, com lojas, praça de alimentação e outros espaços comerciais.

Mais informações no site do manifesto Mais Teatro Brasil



25/04/2010

Distâncias - meu conto do blog Raios







Estou devedora de um post específico por aqui, essa semana deve sair algo das tantas coisas que gostaria de publicar, mas por enquanto vou alimentando com textos que estou publicando no meu outro blog, só de textos autorais. Já que aqui tenho mais visitas que nele, aproveito para que deem sua opinião nos meus textos. Beijos! =) 

DISTÂNCIAS





Nunca consegui entender as distâncias pela medida quilométrica - esta que curiosamente leva o nome de uma outra feita pra calcular os pesos - confesso, nunca soube quanto tempo ou custo de viagem corresponde a cada Km percorrido... Eu sei, é a fita métrica cabível entre as rotas geográficas, entre os destinos traçados pelo mapa, é a prévia do saldo bancário com gastos em combustível. É verdade, todo motorista precisa entender de forma prática esse cálculo. Pois talvez essa minha ignorância assumida, deve-se a dois motivos: a carteira de motorista, que entre os desvios de rota tornou-se apenas cédula de identidade, e as antigas viagens de ônibus quando menina, em que apenas queria insistentemente saber o tempo que me restava para chegar ao meu belo horizonte.
A medida em quilômetros faz ainda menos sentido nesse momento, onde as milhas facilmente são cruzadas pelos ares e os dias de viagem se transformam em horas. O coração sim, esse parece contar apressadamente a distância, não por metros, mas nas batidas ansiosas pelo momento da chegada, misturado com o pouco fôlego pelo distinto medo, fruto de tudo que é novo e que tem ao mesmo instante o poder de encantamento.
A madrugada fora insone, mas não estava sozinha, me acompanhava no elo virtual com a mesma ansiedade, aquele por quem aguardo a chegada.
É chegada a hora, o céu agora parece ser o transportador do encontro esperado. Das alturas por onde ele vem,  já deve avistar o mar que toca a cidade planejada e o faz recordar as antigas fotos. Os pensamentos, vagam com uma força multiplicadora das sensações por conhecer, essa aparente aventura está de mãos dadas com a incomum segurança surgida desde o início, naquela sintonia incontestável que sempre transformava os momentos cotidianos em uma cumplicidade mútua, o instante se aproxima, eu o espero!
As mãos estão frias apesar do clima quente, arrumo a cada cinco minutos o vestido branco com pequenos detalhes vermelhos, cuidadosamente encontrado para aquela ocasião, igual ele sonhara um dia. O vôo atrasa, parece uma prova de resistência para os pés que anseiam o mesmo chão. Retoco o brilho labial por umas duas vezes, conferindo no minúsculo espelho a minha insegurança, me pergunto novamente se o calçado baixinho era o ideal naquele momento e encontro a certeza nas pernas um pouco trêmulas após presenciar o pouso. Recordo então as frases humoradas sobre nossa velha companheira da vaidade... Respiro fundo, está tudo bem!
Agora eu que estava no alto e aquele vidro parecia embaçar ao procurá-lo entre aqueles que se faziam pequenos, descendo as escadas do pássaro de aço, estava quem eu tanto esperava... O reconheço, surgindo como de um presente desembrulhado, ele veste calças claras e uma blusa escura, combinando com seus cabelos. O coração parece errar a época do ano e começa fazer carnaval, embora num ritmo descompassado. Eu estava sorrindo e nem sequer percebia, sinto como se fizesse frio e calor ao mesmo tempo... Vejo seus passos seguros na nova terra que o recebe, percebo que me busca já com o olhar, nessa distância agora curta, tenta me encontrar  na vitrine de manequins móveis, e sorri. Eu aceno encantada, mas não sei se me vê, vou aguardá-lo no desembarque.

***
O portão de chek-out transforma-se em uma festa comum de convidados estranhos, todos aguardam ansiosos os seus, não importa se curtas ou longas distâncias, há uma expectativa entre os que esperam, com exceção dos executivos e sua indiferença perdida, aqueles que vem procuram na multidão seu alvo esperado. Alguns cumprimentam-se apenas no olhar, crianças festejam os pais que retornam para o abraço, amigos de longa jornada fazem surpresa na espera, casais beijam-se saudosos... Me distraio por uns segundos com a alegria de uma menina que chora com ternura ao abraçar seu pai, o pouco tempo distante que ele menciona surpreso com a emoção da filha, pareceu uma eternidade para aqueles braços pequenos que não o alcançavam por uns dias.
Volto ao meu mundo e ao retomar o olhar desejoso, já o encontro fitando-me! No encontro dos olhos sorrimos - sorrimos além dos lábios, a sensação era de todo o corpo sorrindo ao mesmo tempo - perco a programação dos movimentos na timidez que ele ressuscitara em mim e estendo tardiamente um dos braços em sua direção, chamando-o com um oi desconcertante!
Ele me puxa num abraço, não tão apertado, mas chamando-me pela cintura num êxtase de saudade já não contida. Existe agora o espaço apenas para nossos olhares, que já se misturavam...
Num mergulho esquecido do mundo ao redor, as bocas apenas calam, e conseguimos no olhar entender tudo o que diríamos agora. Percorro cada centímetro do seu rosto, suas sobrancelhas largas, seus pequenos olhos, e tocando suavemente o lado esquerdo de sua face, ele une-se ao meu sorriso no toque do beijo sem hesitação...
- Dessa distância sim, eu entendo.
Texto meu, publicado no blog Raios

14/04/2010

Tango!

E nos palcos cadentes da vida cabe aos duetos o desequilíbrio descompassado dos corpos?
Falo dessas dissonâncias de encontros que se dão pelo caminho, fora o ritmo forçado no início de uma contradança, após o forjar de intenções em se aprender o passo...
Compete apenas aos passionais a entrega? Esta que embora façam como o prazer solitário ao balé dos cines, num qualquer momento necessita o compasso pungente do seu par na bela valsa que lhes anseiam as pernas.
Questiono contrastes pelos inúmeros bailes desritmados que se apresentam nas vias públicas em que caminho...  E já no costume do abandono no salão, ou aos tangos lacerados ao qual me destino, a cada melodia embute-me o freio - momentâneo, atendendo em sesguida ao risco dos tropeços pelo sabor do gesto, fugindo do blasé pela teimosia implícita da alma dançarina, que não dispensa os treinos acreditando até o último ato o seu ritmar.

No meu blog:
http://www.raianareis.blogspot.com/